Um inverno sem fim

   Vai-se umha trevoada e vém outra pior. Nom lembro un inverno tam longo coma éste, desde logo (aínda que polo méio tivemos tempo soleado a primeira metade de Dezembro). Esta sucessom de borrascas devera ter lugar na primeira parte do "inverno", entre os messes de Outubro e Dezembro-Janeiro. Mas o próprio nestas alturas seria estarmos a falar de fortes geadas e nevaradas em áreas costeiras, alternando já com dias anticiclónicos. Nom de tantos dias continuados de chúvia como estamos a ter e que semelham nom querer parar nunca. E que, coma no ano 2001, acabam por afectar o estado anímico das pessoas. Nom há mais que ver o facebook, e ler os comentários de toda a gente, farta de ver os céus grisses e de ter que andar com paraugas.

 Ria de Ferrol desde Mugardos

   Seguimos, pois con domináncia da compoente W no régime de ventos. Agora sabemos que as trevoadas potentes, as trevoadas perfeitas, som chamadas polos meteorólogos de "Ciclogéneses explosivas". E nesta temporada invernal levamos umha boa jeira delas. Todas com nome de mulher. Parece ser que se escolhe nome masculino ou feminino segundo seja ano par ou impar.

   O sábado, em Mugardos, a cousa estava assi de fea. Mentras tirava estas fotos, entrava umha saraivada doente pola boca da ria. Tivem que andar ligeiro de caralho para me abrigar. Porque descarregou assi na enseada de Mugardos:

  Botei umhas parrafadas com um velho pescador da vila. Contóu-me o mal que o estavam a passar no sector. Algumhas embarcaçoes (adicadas ao polvo e à centola, básicamente) levavam dous messes e méio sem saír a faenar. Para que vos fagades umha idea.

  Um Carolo (Alca torda) alegrou um pouco a jornada. Estava eu falando por teléfone quando emergeu a poucos metros de mim. Mas era umha conversa dessas que nom podes curtar, e tivem que esperar a rematar de falar. Para entom o carolo estava moi longe já; pero a pequena SX50 tem zoom davondo para tomar umhas images dignas mesmo nestas circunstáncias.

 Carolo (Alca torda)

    Nos peiraos mais abrigados de Maninhos e Baralhobre, seguem os Mergulhoes (de 4 espécies!) aportando interesse ornítico nestas datas. Os bichos com este tempo tam repunante saen todos negros nas fotografias. Pero com um chisco de ediçom digital, valem já para publicar.

 Mergulhóm-de-pescoço-preto (Podiceps nigricollis)

   Desta volta, eram os Mergulhóns pequenos (Tachybaptus ruficollis) os que nos lembravam o perto que estamos da primavera. Escoitei vários cantos territoriais, emitidos no lugar de invernada que é o porto de Baralhobre.

 Mergulhóns pequenos (Tachybaptus ruficollis)

 A sorpresa da fim de semana foi umha Águia pescadora (Pandion haliaetus) que pasou por riba minha quando estava controlando aves desde o pequeno peirao do Seijo. Pouco depois, voava por Maninhos.

Águia-pescadora (Pandion haliaetus)

 Com toda seguridade há ser a mesma que um companheiro de trabalho (Antón Carro Garrote) avistara na enseada da Malata o mes passado. É a minha primeira observaçom da espécie na nossa ria logo de quasse trinta anos. Impresionante a expanssom desta rapaz nos últimos anos pola costa galega.

 Bem, como vedes, os temporais nom acabarom conmigo. Aqui seguimos e aqui seguiremos. Em "Bichos e demais família".