LIMIAR ECOLOGISTA
Estes festivos vou alternar trabalho de campo (para os Atlas de aves e hérpetos) com saídas fotográficas. Onte fazia umha desta classe ao Parque Natural de Encinha da Lastra, em Rubiá (Ourense). Simplemente para passear e tentar ver algumha dessas espécies que tam raras som de ver pola costa.
Normalmente quando se declara um espaço protegido é para o melhorar. Em Galiza,
obviamente, semelha que fosse ao revés (
informe da SGHN).
Vertedoiro de lixo e entulho no interior do P.N.
Nas sete horas que estivem por alô atopei este verquedoiro e observei un grupo de 4 motos de cross fazendo "um roteiro" quasse pola zona de reserva integral. Estas cousas ocorrem porque na Galiza a protecçom é
fitícia e os infractores sabem-o. Declarar umha zona coma espaço protegido nom vém acompanhado das medidas necessárias para que se cumpra a normativa, como se explica melhor no enlace da SGHN.
POLOS SOUTOS DE BIOBRA
Som muitas as cousas que me gostaria fazer na Lastra; botaria horas, ou dias, sentado a carom dumha acinheira ou nun campo mirando para as orquídeas, coleópteros, volvoretas e insectos de todo tipo que fam desta zona umha das que tenhem maior biodiversidade do país. Mas quando se vai com límite de tempo cómpre escolher. E para justificar este desprazamento nada melhor que as aves.
A pesares de pertencer claramente ao domínio mediterráneo, na Lastra temos também taxóns centro-européus. A desapariçom dos bosques caducifólios originários em toda Galiza fai que aquelas aves que necessitam de ocos para aninhar busquem novas alternativas, coma som os soutos (cultivos de castinheiros para consumo da castanha) que tanto abondam no interior do país. Onte tinha a sorte de observar longo tempo duas destas aves nos soutos de Biobra, por onde figem um transecto dumhas cinco horas.
Por casualidade, achei umha parelha de Petos formigueiros (
Jynx torquilla) preparando um ninho para ser ocupado neste castinheiro. Sem molestar à parelha de aves, tivem ocassom de tirar umha boa série de fotos.
Para um ferrolám, o Peto formigueiro é um autêntico exotismo, que desaparescéu completamente da zona litoral há muitos anos e que agora só aparesce durante os passos. Assi que nom puidem me resistir a fazer umha sessom fotográfica "profissional"(sinto o da ponta cravada no tronco!).
Colhim um
poncho impermeável que sempre levo no maleteiro e montei um
hide improvisado, pero muito efectivo. Baixo o poncho fum achegando-me polo prado aberto, aos poucos, até me pór a uns dez metros da árvore.
Úm dos exemplares (penso que o macho) ía e vinha de seguido, cantando sem parar. O outro, imagino que a fêmea, mantivo-se bastante tempo no interior do burato. Polo visto o Peto formigueiro limpa de qualquer resto vegetal ou animal aqueles ocos que resultam escolhidos para a reproduçom. Moitos pequenos paseriformes son vítimas inocentes que vem como som expulsados do seu lugar de cria por esta ave máis forte e agressiva.
Por alí andava também um Ferreirinho real (
Parus major), que paróu várias vezes no castinheiro mirando curioso. Quiçá foi ele a vítima, porque há que dizer que os Petos Formigueiros poden chegar a botar igualmente os ovos ou polos da espécie parasitada. Ou seja, que este pequeno pícido monstra um comportamento reprodutor máis semelhante aos Cucos.
Num momento dous Petos formigueiros puxérom-se frente a frente, mentras aumentavam a intessidade dos cantos e exibiçom. Sem dúvida que estamos no tempo do celo da espécie.
Petos formigueiros em exibiçom territorial
Tivem tempo a fazer diferentes provas coa Canon SX50. Puidem tirar fotos muito melhores se ficasse ali toda a manhá, mas esse nom é o meu estilo, já o sabedes. Quando a foto é umha obsessom e nos esquecemos do mais importante, o naturalista-fotógrafo pode converter-se nun agressor medioambiental e poher em perigo aquilo que pretende defender.
Umha manhá para a lembrança, desde logo que si.
Peto formigueiro (Jynx torquilla)
E despois veu o segundo prato. Outro dos habitantes mais característicos destes soutos e que, como o Peto formigueiro, depende da existência de troncos velhos con buratos para aninhar. Falo, claro está, do Colirruivo de testa branca (
Phoenicuros phoenicurus), também chamado em galego "Rabirruivo", pero éste é um termo que nom gosto nada del.
A escasa distáncia do ninho de
Torcicolo (coma dim os portuguesses), um casal de Colirruivo de testa branca semelhava ter a nidificaçom algo mais avançada, ou mais "decidida" polo menos.
Estava concentrado exclusivamente na fotografia e nom me parei davondo a determinar se carregavam material para o ninho ou bicada (para isto penso que é algo cedo ainda).
Hoxe em dia, resulta um paseriforme escaso em Galiza, coa distribuiçom limitada à metade oriental galega, habitualmente por riba dos 700 m. Prefire soutos em ladeiras com certa influência mediterránea.
Colirruivo de testa branca (Phoenicurus phoenicurus), fêmea
Por certo, nunca me decatara do moito que se parecem os cantos do Rabirruivo de testa branca e o da Escribenta das canaveiras! (nengúm deles é um prodígio da técnica nem de potência pulmonar...).
Colirruivo de testa branca (Phoenicuros phoenicurus), macho
Por suposto, os répteis nom faltárom à cita. Ou melhor dito, os lacértidos, porque mira que estivem vezes na Lastra e apenas vim 2 ou 3 ofídios vivos! Isto também tem umha explicaçom. As melhores horas para a obsevaçon de cobras (e répteis em geral) som as da tardinha, que é quando habitualmente estou de volta para Ferrol. Som dos que prefirem erguer-se moi cedo para aproveitar a manhá.
Lagartixa dos penedos (Podarcis hispanica), macho
Estamos na Primavera e nóta-se. Este macho de Lagartixa rabuda, coas cores de celo, nom se apartava da fêmea nen por um minuto. Nom é broma.
Lagartixas rabudas (Psammodromus algirus), parelha
E assi como os ofídios parecem querer fugir de mim, últimamente atopo tantas Lagartixas cincentas na Lastra que quasse as piso quando vou caminhando. E agora tampouco falo em broma!
Lagartixa cincenta (Psammodromus hispanicus), macho
Já vos tenho falado sobre esta lagarta e as suas preferências mediterránicas. Por isso tem umha distribuiçom tam limitada na Galiza. Únicamente os vales mais calorossos e secos do país (na província de Ourense) contam com povoaçons de
P. hispanicus. A medida que vou ganhando experiência, custa-me moito menos observá-las e as identificar. Nom há nada como botar horas no campo para aprender. Os livros som apenas umha ajuda necessária...
Ponho também duas fotos do hábitat onde avistei vários exemplares de lagartixa cincenta. Muito menos aberto e com mato máis alto e denso do que se pensava até há uns anos. Coincido com Martinho Cabana em que estes caminhos abertos nas áreas de monte provávelmente devem favorecer a sua expanssom geográfica a nível local, ao supór novos espaços abertos onde se termorregular e alimentar.
E, por último, um ofídio. Morto, por suposto.. Este juvenil de Cobregom será un terrível caçador dentro duns anos, ocupando o nível máis alto da pirámide ecológica no P.N. da Encinha da Lastra...... até que apareça umha Águia cobreira e a capture.
Cobregón (Malpolon monspessulanus), juvenil atropelado
Um saúdo.
PD: Venho de retocar digitalmente algumhas das fotos que, coas présas por publicar, non fóram correctamente editadas à hora de subir o
post. O RAW dá muito de si, pero leva tempo, he, he..